Sabe aquelas musiquinhas viciantes de bebês, que ficam na cabeça que nem chiclete? Não importa o quão alto o bebê esteja chorando, é só colocar e pronto: parece que tudo se resolve como em um passe de mágica. 

As telas entram na vida dos pequenos como um santo alívio para os pais, que precisam entreter os filhos para se dedicarem a alguma tarefa importante (ou mesmo para terem alguns momentos de calma e tranquilidade!). Afinal, que mal tem em assistir só um pouquinho por dia?

Mas a cada dia a hora de desligar o desenho vai ficando mais difícil. A criança facilmente se encanta com os programas que foram especialmente pensados para cativar sua atenção. Os pais, atarefados e cansados, acabam cedendo um pouquinho mais… E facilmente aqueles 15 minutos viram 1 hora (ou 2… ou 3…). Todos os dias. 

Para tentar reduzir os males, os pais optam pelos conteúdos ditos “educativos”, que se tornam os companheiros no dia a dia dos pequeninos. A culpa que os pais sentem por tantas horas de exposição até “alivia” quando percebem que o pequeno já aprendeu as cores e números em inglês.  

Pouco a pouco, a criança vai deixando de brincar sozinha, e fica facilmente “entediada” quando está sem nada para fazer. Aquela criatividade, imaginação e capacidade de inventar brincadeiras, própria de toda criança, vai dando lugar à irritação quando não está diante de uma tela. “Ah, mãe, eu não tenho NADA pra fazer…”. Aprendem sozinhos a ligar e procurar o que querem assistir.

Com o passar dos anos, cada momento que exija um pouco de calma e concentração passa a se tornar cada vez mais desafiador. As refeições, os passeios de carro, jantares em restaurante só são possíveis se a “babá virtual” estiver ligada, para que a criança se acalme e todos possam ter momentos de paz.

A médio prazo, a vida escolar vira uma fase extremamente desgastante. A criança que passou milhares de horas dos seus anos dourados sendo hiperestimulada pelos movimentos rápidos e coloridos agora sofre para se concentrar diante de um lápis e um papel em branco. Ficar alguns minutos sentada, mantendo a concentração, é impossível. O desempenho escolar passa a refletir os hábitos. 

Os anos passam, e no longo prazo, nos deparamos com um adolescente que passa horas conectado aos dispositivos eletrônicos, mas desconectado da família e do mundo real. Mal sai do celular para dar bom dia, quem dirá assumir os pequenos desafios que forjam os jovens e adultos fortes e responsáveis.